Fechar

BR - PT


Please select a country and, if applicable, a language.

Voltar à página de visão geral
País:Brasil
Idioma:português

Fexofenadina: uma revisão da sua utilização no tratamento da urticária em populações pediátricas e adultas 


EFSM: 2023;3:230019DOI: 10.52778/efsm.23.0019Data de publicação: 10.09.2023
Margarita Murrieta-Aguttes e Mohamed Amessou

A urticária é uma dermatose inflamatória resultante sobretudo da ativação de mastócitos cutâneos. Os mediadores inflamatórios e a histamina libertados são responsáveis pelo desenvolvimento de pápulas e/ou angioedema. As diretrizes atuais recomendam anti-histamínicos H1 não-sedativos de segunda geração, como o cloridrato de fexofenadina, enquanto terapia de primeira linha. Uma revisão recente de Ansotegui et al. faz uma atualização da urticária, tanto em populações adultas como pediátricas, e da segurança e eficácia do cloridrato de fexofenadina como opção de tratamento.

A urticária é uma dermatose caracterizada pelo surgimento de pápulas e/ou angioedema [1]. Uma pápula é um inchaço superficial bem circunscrito, acompanhado de prurido ou ardor. Pode ocorrer abruptamente e voltar ao normal num período entre 30 minutos e 24 horas. O angioedema desenvolve-se mais lentamente do que a pápula e apresenta-se com edema localizado na derme inferior e na subcútis ou nas mucosas. O angioedema caracteriza-se por formigueiro, ardor e repuxamento e não tanto por prurido. A recuperação é mais lenta em comparação com as pápulas, sendo de até 72 horas [1, 2].

Aproximadamente uma em cinco pessoas sofre de urticária, pelo menos, uma vez na vida, com 50% apresentando apenas pápulas, 40% apresentando pápulas e angioedema, e 10% apresentando apenas angioedema. A urticária aguda é, muitas vezes, autolimitadora, com episódios que se resolvem num prazo de seis semanas, ao passo que a urticária crónica é mais persistente [2].

A urticária tem um elevado peso sócioeconómico em todo o mundo. Tem um forte impacto na qualidade de vida de doentes adultos e pediátricos, com consequências significativas no sono, na interação social e no desempenho profissional/escolar [2].

A urticária classifica-se, de acordo com a duração, como aguda ou crónica, e de acordo com os gatilhos, como espontânea ou induzida (ver Tab. 1 e 2).

Tab. 1. Classificação da urticária por duração [2]

Faça scroll para a direita para ver todos os conteúdos
Tipo de urticáriaDuração
Urticária agudaOcorrência por um período inferior a 6 semanas
Urticária crónicaOcorrência por um período superior a 6 semanas

Tab. 2. Classificação da urticária por causas [2]

Faça scroll para a direita para ver todos os conteúdos

Espontânea:

maioria dos casos

Induzida:

minoria dos casos

Causas:

  • Infeções
  • Comida
  • Fármacos
  • Stress
  • Doenças autoimunes

Causas físicas:

  • Dermografismo
  • Urticária ao calor
  • Urticária ao frio
  • Urticária solar
  • Urticária de pressão retardada
  • Angioedema vibratório

Outras causas:

  • Urticária aquagénica
  • Urticária colinérgica
  • Urticária de contacto

A patogénese da urticária não é totalmente clara. É uma doença causada sobretudo por mastócitos. Os efetores reagem com a membrana dos mastócitos, ativando-os, levando assim à libertação de mediadores inflamatórios e à estimulação de vias de sinalização que causam a formação de pápulas e angioedema (ver Fig. 1 e 2) [2].

A urticária é frequentemente autodiagnosticada e autogerida. As diretrizes atuais recomendam um trabalho diagnóstico focado na examinação clínica dos sinais e dos sintomas associados à urticária. Dado que lesões semelhantes a urticária podem ser a manifestação de diversas síndromes dermatológicas, para o diagnóstico correto, é fundamental uma examinação anamnéstica cuidada que avalie a frequência, as circunstâncias do surgimento, a duração e os sintomas locais ou sistémicos [2]. A recente diretriz [1] lista o controlo completo de sintomas como sendo o objetivo do tratamento. A primeira recomendação sugerida é evitar gatilhos. Se isto não for possível, recomenda-se uma abordagem farmacológica progressiva [2].

Terapia de primeira linha em crianças e adultos

Na urticária, a desregulação de mastócitos e basófilos liberta mediadores inflamatórios. Estes mediadores inflamatórios, como a histamina, o TNF-α e as interleucinas, estimulam as vias de sinalização que levam aos sintomas de urticária. Na maioria dos doentes, não é possível evitar a urticária. As diretrizes recomendam vivamente como primeira linha [1] o tratamento com anti-histamínicos H1 orais de segunda geração. Este grupo de agentes é eficaz e bem tolerado. Os anti-histamínicos de segunda geração não atravessam ou atravessam apenas minimamente a barreira hematoencefálica, pelo que os efeitos adversos são apenas ligeiramente ou não-sedativos, bem como não-anticolinérgicos. Além da histamina, são libertados outros mediadores inflamatórios. Em doentes que não respondem à histamina, pode ser considerado um tratamento de curta duração, de até dez dias, com glucocorticoides. Outras opções terapêuticas, como o tratamento com omalizumab, devem ser avaliadas em centros especializados [2].

A revisão citada foca-se na utilização do cloridrato (HCl) de fexofenadina na urticária enquanto representante de toda a categoria de fármacos [2]. A fexofenadina está disponível em comprimidos ou suspensão e existe no mercado há 25 anos, estando presente em mais de 100 países.

O cloridrato (HCl) de fexofenadina é um tratamento bem tolerado, há muito estabelecido, para a urticária tanto em adultos como em crianças [2]. A dose aprovada para o tratamento da urticária em adultos e crianças a partir dos 12 anos de idade é de 1 comprimido de 180 mg/dia ou de 2 comprimidos de 60 mg/dia. A suspensão de fexofenadina está disponível para crianças a partir dos 6 meses de idade [2, 3]. Os anti-histamínicos de segunda geração atravessam menos a barreira hematoencefálica do que os de primeira geração. Por isso, os efeitos secundários centrais, como o efeito sedativo, ocorrem menos. Dentro do grupo de anti-histamínicos de segunda geração, há diferenças significativas relativamente aos efeitos sedativos. Ao passo que a fexofenadina não ocupa nenhum dos recetores H1 do córtex cerebral, 20 a 50% destes recetores estão ocupados depois de ingerida cetirizina [4].

A fexofenadina é bem tolerada, tal como demonstrado nos estudos a longo prazo em voluntários saudáveis entre os 12 e os 65 anos de idade e em doentes com urticária crónica, ao serem administradas doses até 240 mg uma vez por dia durante até 12 meses [4].

Resumo

O cloridrato (HCl) de fexofenadina é recomendado como tratamento de primeira linha da urticária. Ele reduz significativamente a urticária e o prurido que ela causa. O cloridrato (HCl) de fexofenadina é bem tolerado. A descontinuação devido a efeitos adversos costuma ocorrer em menos de 5% dos doentes. Os doentes tiram partido da melhoria da qualidade de vida relacionada com a saúde e do desempenho nas suas atividades diárias [2].

Os doentes que não respondam a anti-histamínicos devem ser encaminhados para um especialista clínico com os conhecimentos práticos necessários para a avaliação e o tratamento da urticária e/ou do angioedema [2].

Bibliografia

  1. Zuberbier T, Aberer W, et al. Endorsed by the following societies: AAAAI, AAD, AAIITO, ACAAI, AEDV, APAAACI, ASBAI, ASCIA, BAD, BSACI, CDA, CMICA, CSACI, DDG, DDS, DGAKI, DSA, DST, EAACI, EIAS, EDF, EMBRN, ESCD, GA²LEN, IAACI, IADVL, JDA, NVvA, MSAI, ÖGDV, PSA, RAACI, SBD, SFD, SGAI, SGDV, SIAAIC, SIDeMaST, SPDV, TSD, UNBB, UNEV and WAO. The EAACI/GA²LEN/EDF/WAO guideline for the definition, classification, diagnosis and management of urticaria. Allergy 2018;73(7):1393–1414. doi: 10.1111/all.13397. PMID: 29336054.
  2. Ansotegui IJ, Bernstein JA, et al. Insights into urticaria in pediatric and adult populations and its management with fexofenadine hydrochloride. Allergy Asthma Clin Immunol. 2022;18(1):41. doi: 10.1186/s13223-022-00677-z.
  3. AdisInsight Drugs Fexofenadine – sanofi-aventis. AdisInsight Drugs. https://adisinsight.springer.com/drugs/800006524. Accessed November 2022.
  4. Meltzer EO, Rosario NA, et al. Fexofenadine: review of safety, efficacy and unmet needs in children with allergic rhinitis. Allergy Asthma Clin Immunol 2021;17:113. https://doi.org/10.1186/s13223-021-00614-6

Conflito de interesses: M. Murrieta-Aguttes e M. Amessou são funcionários da Sanofi.

Divulgação: Redacción y publicación médica financiadas por Sanofi.

Empresa/Correspondência: Margarita Murrieta-Aguttes, MD, Sanofi, Neuilly-sur-Seine (92200) France e Mohamed Amessou, PhD, MBA, Sanofi, Neuilly-sur-Seine (92200) France
Data de entrega: 15.03.2023Data de aprovação: 13.07.2023Data de publicação: 10.09.2023
Voltar à página de visão geral